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Os próximos passos da IA Generativa: uma entrevista com Tiago Andrade, Advisor de Data&AI e embaixador do Prêmio Brasil Referência em Dados



No universo em constante evolução da Inteligência Artificial e análise de dados, é crucial ter insights de especialistas que estão na vanguarda dessa transformação. Na Cognitivo.AI, temos o privilégio de colaborar com profissionais que não apenas acompanham as tendências tecnológicas, mas também moldam o futuro da IA e da análise de dados com suas inovações e visão.


Tiago, que também será palestrante no Prêmio Brasil Referência em Dados 2024, no dia 27 de março, das 18h às 22h, em São Paulo e com transmissão remota para todo o Brasil, nos oferece insights valiosos sobre os desafios, oportunidades e tendências futuras na IA e análise de dados.


Esta entrevista é uma leitura obrigatória para todos que buscam compreender a direção futura da tecnologia de IA e análise de dados, bem como para aqueles que desejam extrair o máximo de suas aplicações práticas. Acompanhe-nos nesta jornada inspiradora, enquanto mergulhamos nas ideias e experiências de Tiago Andrade, e descubra como você pode aplicar essas lições para impulsionar sua própria trajetória ou da sua organização no empolgante mundo da Inteligência Artificial.



 

Tiago, muito obrigada pela sua participação. É um prazer contar com você em mais uma edição do Prêmio, desta vez como nosso Embaixador. Para começar, poderia nos explicar o que é Generative AI (GenAI) e por que ela representa uma revolução para o mundo dos negócios?


Olá a todos, me sinto honrado e agradeço o convite para participar deste importante evento que reconhece os principais talentos de dados do Brasil. Vamos começar entendendo o conceito de Inteligência Artificial Generativa, ou GenAI, que nada mais é do que uma tecnologia que permite criar novos conteúdos, como texto, imagens, músicas, áudios e vídeos, que se assemelham muito ao conteúdo criado por humanos. Acredito que seja uma revolução que rompe paradigmas ao permitir a automação de tarefas criativas e analíticas, impulsionando a inovação e eficiência em diversos setores, e desafiando os limites entre a criação humana e a máquina.


Quais insights ou conhecimentos você espera compartilhar com os participantes da Premiação sobre GenAI?


Vamos explorar como ela pode ser usada no dia a dia das empresas para melhorar processos, criar novos produtos e serviços, além de ser um potencial diferencial competitivo. Todo executivo deseja encantar seus clientes, impactar positivamente a linha de receita e reduzir custos. Para isso é importante entender como implementar GenAI de maneira estratégica para atingir os objetivos de negócio e fomentar a inovação dentro das organizações.


Quais setores você acredita que poderão extrair mais valor do uso de AI?


Acredito que todos os setores da economia vão se beneficiar de alguma forma direta ou indireta do uso de IA com o tempo. Hoje já temos exemplos reais de empresas de tecnologia, saúde, finanças e varejo, entregando valor e melhor experiência aos seus clientes, além de deixar seus acionistas mais satisfeitos com os resultados financeiros alcançados. A eficiência operacional, a personalização de serviços, a inovação e a tomada de decisão baseada em dados são apenas algumas das áreas em que a IA pode oferecer melhorias significativas. No entanto, a realização desse potencial dependerá da capacidade de cada setor de integrar as novas tecnologias aos processos já existentes, de maneira ética e sustentável.


Quais são os riscos aos quais precisamos estar atentos ao trabalhar com dados e ferramentas de inteligência artificial?


Os desafios abrangem desde a governança de dados, para respeitar as legislações vigentes, até a privacidade e segurança dos dados. É vital adotar uma abordagem proativa na gestão desses riscos, implementando políticas de ética e privacidade, mitigando preconceitos ou discriminações, além de assegurar que as tecnologias desenvolvidas sejam transparentes e auditáveis para evitar repercussões legais e dar mais confiabilidade ao processo.


Um relatório lançado em 2023 pela McKinsey mostra que a Inteligência Artificial Generativa pode movimentar por ano até US$4 trilhões na economia mundial – mais que o PIB do Reino Unido. Nesse cenário, a pergunta é: como CEOs podem começar a agir hoje para capturar valor com essa tecnologia, que avança numa velocidade jamais vista e promete revolucionar o mercado?


Acredito que a chave é desenvolver uma estratégia de longo prazo para a adoção de GenAI, começando com a educação e envolvimento das equipes de liderança, negócios e tecnologia para explorar as atuais oportunidades. Se o core business da empresa for muito distante de tecnologia, vale começar com iniciativas em áreas menos críticas da organização, executando projetos pequenos e que permitam gerar aprendizado de forma ágil. Outro aspecto interessante é fazer parcerias com empresas, universidades e centros de pesquisa para acelerar o aprendizado e integração das novas tecnologias aos processos existentes, permitindo que a empresa capture valor no curto prazo e de forma sustentável.


Existe uma preocupação relevante por parte das organizações e da sociedade a respeito do impacto do uso de IA na força de trabalho. As inquietações sobre a extensão da IA têm aparecido, inclusive, no mercado de trabalho. Atualmente, três em cada quatro profissionais brasileiros acreditam que a IA substituirá seus empregos. Os dados são de um levantamento realizado pela Page Interim, com 5.354 profissionais da América Latina. De acordo com a pesquisa, 76,6% dos entrevistados no Brasil acreditam que essa tecnologia afetará parcialmente os postos de trabalho na área em que atuam. Como você enxerga este tema e de que forma você acredita que conseguiremos abordá-lo junto às organizações nos próximos anos?


A sociedade vive em constante transformação. Foi assim com a revolução industrial, depois com a democratização do acesso a computadores pessoais, celulares, e agora temos mais uma grande e importante revolução tecnológica. Embora a IA possa sim substituir o trabalho humano em determinadas funções, simultaneamente ela abre portas para a criação de novas oportunidades e exige novas habilidades. Surge, assim, a necessidade de requalificação profissional e o aprimoramento das capacidades digitais e analíticas. Acredito que uma estratégia bem sucedida de cooperação entre humanos e IA pode potencializar a inovação, assegurando uma mudança mais suave e que beneficie a coletividade.


A Maturidade Analítica das empresas brasileiras vêm evoluindo? Estamos próximos, em termos de mercado, ao patamar Data Driven?


Acredito que existe uma tendência positiva na adoção de práticas analíticas entre as empresas brasileiras e temos exemplos interessantes de algumas organizações brasileiras (Grupo Boticário, Itaú e Nubank, por exemplo) que emergiram como protagonistas no panorama global de tecnologia e inovação, tornando-se referências. Por outro lado, essa evolução em todo mercado brasileiro ainda é desuniforme, indicando que temos um bom caminho a percorrer, superando desafios tecnológicos e, sobretudo, culturais. Particularmente, vejo isso com bons olhos, pois sinaliza muitas oportunidades para indivíduos e empresas prosperarem nesse contexto inovador e cada vez mais fincar a bandeira brasileira como referência em tecnologia e inovação!


As novidades não param de surgir. A Google retomando o Gemini para criação de imagens, o refinamento e lançamento oficial do Sora, a Microsoft se aliando à startup francesa Mistral, os avanços constantes da Open AI com o ChatGPT… Você acredita que a velocidade em que estamos evoluindo é maior do que regulamentação que está sendo criada para estas tecnologias? Qual a sua visão sobre o impacto ético e de proteção de Dados com o uso de AI?


Há uma disparidade natural entre o ritmo de inovação em IA e o desenvolvimento de quadros regulatórios adequados para uso dessa nova tecnologia. É a sequência natural da inovação: cria-se uma nova tecnologia, depois corremos atrás para criar as regulamentações adequadas. Por exemplo, os automóveis surgiram no final do século XIX, mas as regulamentações, sinais de trânsito, leis de direção sob influência de álcool e requisitos de segurança dos veículos só foram implementadas anos depois, conforme a necessidade de gerenciar os riscos e a segurança pública se tornou evidente. E isso ocorre porque o processo de regulamentação é, por natureza, mais cauteloso e deliberativo. Envolve avaliações aprofundadas sobre os impactos sociais, éticos e econômicos das tecnologias, além de consultas públicas, debates legislativos e a criação de modelos jurídicos que possam se aplicar de maneira efetiva e justa. Esse processo é fundamental para garantir que o desenvolvimento e a implementação da IA sejam realizadas de forma responsável, com consideração adequada à privacidade, segurança, equidade e transparência.



42% dos respondentes de uma pesquisa da Gartner afirmam não entender completamente os benefícios da IA. Qual é o papel dos times de Data & Analytics na educação e formação dos executivos que têm papel ativo na transformação dos negócios?


Os times de Data & Analytics, na maior parte das organizações, são responsáveis por traduzir dados complexos, estruturados ou não, em insights acionáveis, permitindo criar valor para o negócio - seja aumentando receitas, ou reduzindo custos - e orientando as tomadas de decisões, sejam elas estratégicas ou táticas. Para os executivos é importante destacar o aculturamento analítico, que pode ser feito através de capacitação e treinamento. Por outro lado, os executivos também possuem papel fundamental na propagação da cultura analítica, sustentando, empoderando e questionando as decisões que, porventura, ainda sejam orientadas apenas por conhecimento empírico.


Problemas como falta ou inconsistência nos dados, são extremamente comuns em adotantes iniciais de Inteligência Artificial. Nesses casos, como começar a trabalhar com IA sem que estes problemas sejam levados para frente na jornada analítica?


Eu diria que são problemas comuns ainda na maioria das empresas e projetos, sendo, eventualmente, uma surpresa desagradável para àquelas que estão começando sua jornada em IA. Embora a solução seja simples, ela requer um nível de excelência no processo de qualidade de dados. Esse é o segredo: qualidade de dados. E a parte interessante é que, mesmo nas empresas referências em tecnologia e inteligência artificial, o erro é comum e faz parte do processo de inovação. Se você não está errando, você está estacionado! E isso não é bom para os negócios. A diferença é que empresas maduras já investiram muito no controle de qualidade de dados, apresentando uma capacidade de detecção de erros tão breve que eles ocorram. Desta forma, o processo é ajustado, o aprendizado é compartilhado e seguem evoluindo. Isso é o que chamamos de metodologia ágil aplicada ao mundo de Dados & IA.


A tecnologia e os avanços da IA possibilitam o progresso em muitos campos do desenvolvimento humano. Mas talvez um de seus maiores benefícios nos últimos anos tenha sido a produtividade. Estas mudanças nos permitiram fazer muito mais coisas em menos tempo, e colocou os consumidores em outro patamar de expectativas. Nos últimos anos, as pessoas abriram mão da sua privacidade para ganhar em conveniência, mesmo que isso nem sempre aconteça de forma consciente. Você acha que este é um caminho sem volta?


Acredito que seja uma questão de construir confiança com os consumidores, mantendo a sustentabilidade dos negócios e respeitando os princípios éticos. A transformação na sociedade no último século foi enorme, saímos de modelos de trabalho 100% manual para automação da manufatura, ou ainda do aumento de produtividade na produção agrícola que permitiu a expansão da população mundial. O ser humano sempre encontrou formas de inovar e se adaptar, aproveitando o lado bom das transformações em prol da sociedade. Sou otimista e acredito que o bom senso, a boa fé e os princípios éticos sempre vencem no final - seja na sua vida pessoal ou profissional.


A Nvidia ultrapassou a marca de US$2 trilhões de valor de mercado em Fevereiro/24, deixando para trás empresas como Amazon e Google, conforme a euforia em torno da inteligência artificial catapultou a fabricante de chips para o posto de terceira empresa mais valiosa do mundo. Qual a sua visão sobre o tema? É benéfico para o setor de tecnologia ou pode gerar uma expectativa muito alta (o famoso hype exacerbado) para o mercado?


A cadeia de valor da Inteligência Artificial começa pela produção do hardware necessário para viabilizá-la e foi aí que a Nvidia apostou e conquistou resultados impressionantes. Seguindo a lei da oferta e demanda, é esperado que com o tempo e novos entrantes no mercado o preço se auto regule. Também devemos estar atentos às inovações em novos materiais semicondutores alternativos ao silício, e aos novos tipos e modelos de processadores. Um exemplo legal é a startup Groq, fundada em 2016, que oferece uma tecnologia proprietária - LPU, Language Processing Unit - para LLMs que definiu novos padrões de velocidade de inferência, superando os concorrentes em 18x, habilitando a criação de novas aplicações de GenAI em tempo real. O futuro é empolgante, e a única certeza é que teremos muitas mudanças nos próximos anos.


A retenção de profissionais de tecnologia é um tema muito discutido entre líderes tomadores de decisão das maiores empresas do país. Se você pudesse dar um conselho a estes executivos a respeito desse tema, qual seria?


Ao longo da minha carreira profissional eu aprimorei um modelo de gestão baseado em três pilares: desafio, ambiente e reconhecimento. O desafio diz respeito ao tipo de problema que os profissionais enfrentam no dia a dia de trabalho - é comum eles gostarem de trabalhar com a tecnologia mais recente, inovadora e em contrapartida a empresa precisa de soluções ágeis e que geram resultados positivos. Sua função como líder é encontrar equilíbrio entre estes dois temas, proporcionando conhecimento e experimentação contínua. Já o ambiente diz muito sobre a cultura da empresa, os colegas de trabalho e, principalmente, a segurança emocional para que os profissionais possam desenvolver todo o seu potencial. Por último, mas não menos importante, o reconhecimento que se dá de diferentes formas: promoção salarial, crescimento de carreira, aumento de responsabilidade e, muito, muito importante é fomentar a cultura do elogio. Ao equilibrar estes três pilares, o tempo de vida do funcionário (eLTV - employee Life Time Value) é prolongado, reduzindo suas taxas de turnover e potencialmente gerando melhores resultados para a organização.


Por último, qual mensagem você deixa para os C-levels e diretores sobre GenAI?


A GenAI não é apenas uma inovação tecnológica; é uma oportunidade estratégica para redefinir mercados e criar valor. Como líderes, sua missão é guiar sua empresa através da compreensão, adoção e implementação ética de GenAI, assegurando uma vantagem competitiva sustentável no futuro. O melhor momento para começar é agora!


 

SOBRE TIAGO ANDRADE


Tiago Andrade conta com mais de 15 anos de experiência liderando o desenvolvimento de produtos e equipes de dados. Atualmente sua missão é capacitar as empresas no desenvolvimento de soluções baseadas em dados e potencializar o crescimento dos negócios com Inteligência Artificial.


A experiência e visão do Tiago em relação ao poder transformador da IA no mundo dos negócios são importantíssimos para o prêmio. Prepare-se para insights profundos e inspiradores deste líder em dados e IA. Você pode descobrir mais sobre Tiago em seu linkedin: https://www.linkedin.com/in/andradetf/


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